A organização e a construção da vida coletiva fazem com que os seres humanos desenvolvam costumes e hábitos que são assimilados pela coletividade. Os gregos chamaram de ethos os valores e comportamentos que nós reconheceríamos hoje como socialmente definidos, assim como a sua cristalização no caráter de uma pessoa ou de um grupo. Desenvolveu-se, junto com a filosofia, um estudo dos ethos, ou seja, a ética.

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Em Hybris RPG, chamamos de ethos os valores que orientam as ações dos personagens e grupos na organização da vida coletiva. Os ethos defendidos pelo grupo dominante afetam todos os personagens de todos os grupos, pois são os valores impostos pelo poder, que norteiam os padrões de felicidade, realização e boa conduta. Os personagens poderão ter ethos contraditórios com os de seus próprios grupos e com os do grupo dominante, a depender do rumo da bios de cada um.

 

Cada grupo e personagem será construído a partir de uma matriz que atribui valorações diferentes aos ethos que se opõem. A partir dessa matriz, cada grupo e personagem definirá qual é o seu pathos, e cada personagem definirá um conjunto de philoi relacionados ao pathos. No vocabulário do jogo, diríamos que os espartanos valorizavam a morte como um ethos, diferentemente dos atenienses. Os samurais valorizavam a morte, enquanto que os ronins valorizavam a vida. Os tupinambá da época do Brasil colonial tratavam a captura pelo inimigo e o ritual antropofágico subsequente como uma forma honrada de morte. Enquanto umas populações valorizam a morte como representante da salvação, do pós-vida, outras valorizam a morte digna (em batalha, por exemplo) como honraria àquele que falece.

 

Ao contar a história de Thomas Morus, o filme O homem que não vendeu sua alma o apresenta como alguém que valora o ethos dever acima de qualquer outro ethos. O personagem Rorschach da série Watchmen valoriza determinação acima de qualquer possibilidade de mediação. O jovem Werther de Goethe e a Madame Bovary de Flaubert valoram o senso de romance e aventura, enquanto o Raskólnikov de Dostoiévski, protagonista de Crime e castigo, valoriza o senso de dever e de individualidade com que comete seu crime.

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No anime Cowboy bebop de Shinichiro Watanabe, o personagem Spike Spiegel valoriza o ethos ambição em sua profissão como caçador de recompensas. Já em Samurai Champloo, também de Watanabe, a personagem Fuu valoriza romance, viajando pelo Japão em sua busca do samurai com cheiro de girassol. Em Avatar: a lenda de Aang, o personagem Aang tem um dever a cumprir com os seres humanos, enquanto a personagem Katara valoriza a inovação ao derrotar o mestre Pakku. Pakku, valorizando a tradição, não acreditava que Katara deveria ser uma dobradora de água guerreira.